Sunday, December 18, 2005

Eu não te esqueço...

Um dia leste o texto que escrevi sobre as miosótis e ficaste encantado com elas. Fizeste-me perguntas, quiseste saber onde as tinha descoberto e nunca mais te esqueceste disso... nem de mim...

Despediste-te com as flores azuis e disseste-me: «Não me esqueças, eu não me esqueço de ti». Despedi-me de ti com miósótis e disse-te «Nunca, mas nunca me esquecerei de ti...».

Sei que têm cuidado delas, mas eu não tenho tido coragem de ir vê-las, porque isso implica «ver-te» e eu não quero ver-te assim... Ando a adiar e a adiar, sinto-me fraca por não ser mais forte que isso, sinto-me como se estivesse a prolongar a minha ausência ou o aparente «desinteresse» ou «distanciamento» que julgas ter tido em relação a ti mas isso, na verdade, nunca existiu.

Perdoa-me meu amor, se nada do que ando a fazer corresponde ao que esperavas de mim. Eu própria não sei o que esperar. Nunca me quis imaginar aqui, neste lugar, sem ti. Nunca quis acreditar que isso pudesse ser verdade. E mesmo quando tentava imaginar, achava sempre que iria ficar num estado, numa forma em que não me encontro... e não sei porquê!! Nada é aquilo que eu achava que ia ser... não sei se me deva sentir bem ou mal... a única coisa que sei é que me sinto em dívida, como se não estivesse a corresponder ao suposto... ao que eu achei que iria acontecer...

Não julgues nunca que me esqueci de ti. A minha aparente indiferença, pouca atenção, são meras tentativas para me manter de pé. Obrigo-me a isso porque recuso-me a aceitar que tenhas partido. Por isso, tento agir da forma mais natural possível, tento ir à luta, fazer por mim e pela minha vida, para que nunca te desiluda, para que no dia em que nos voltemos a encontrar tu te orgulhes de mim... um pouco como tu pensavas e procuravas fazer contigo... um pouco como eu te tentava incentivar... nunca deixei de acreditar em ti.

A minha vontade era parar para pensar em tudo o que aconteceu, pensar em ti, pensar em nós... chorar até o mundo acabar... procurar respostas para tudo aquilo que não consigo aceitar nem compreender... recordar-te o mais que conseguir para que permaneças bem vivo em mim... Não consigo! Perdoa-me, mas não consigo... Começo a forçar-me a desviar o pensamento, a evitar esses momentos, a toda a hora isso acontece-me!! Como se me proibísse de entrar por esse caminho com medo de não conseguir voltar para trás... e assim vou evitando caminhar na tua direcção, arrependendo-me de o não fazer, com medo que penses que já não te amo... Pode parecer que sim, mas eu não levo uma «vida normal». Tu permaneces nos meus dias, nos meus gestos, mesmo que por vezes em actos inconscientes.

Tenho tentado avançar aos poucos, procurei uma terapeuta para me ajudar e tento cumprir todas as recomendações e os alertas, tocando nas memórias e nos sentimentos com muito cuidado para não desmoronar... mas quando menos espero, choco de frente com a realidade e percebo o quão perdida me sinto... o quanto a minha vida mudou e eu ainda não percebi... o que está ainda para vir... serei capaz de enfrentar a vida sem ti?

Eu sei que um dia vou dedicar-me da forma que sempre idealizei aos projectos que me deixaste, ao que de mais precioso tinhas e me entregaste antes de partir... eu juro, por mim mesma, que irei fazê-lo... vivo convicta de que o amor é mais forte que a morte... e eu amo-te.

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